31 de jul. de 2008

quarteto em cy: pelos outros e por mim


Tem coisas que a gente faz mais pelos outros do que pela gente. O altruísmo, essa qualidade tão bonita, vale mesmo quando o beneficiado duvida que a boa ação seja realmente boa. No caso, o beneficiado era meu pai, a quem quase precisei levar a força ao show do Quarteto em Cy. Sim, o grupo vocal formado por quatro baianas já bem passadinhas, mas que continuam escrevendo, com muito mérito, a história da música brasileira.

Ultimamente eu tenho tentado incluir meus velhos em programas como este. É que agora eles moram em Porto Alegre - depois de terem passado pelo purgatório, digo (ops!), por Guaíba e Tramandaí. Durante o pouco tempo em que morei com eles aqui em Poa, eu era recém-saída dos 18 anos e a última coisa que pensava em fazer era qualquer coisa com meus pais. Hoje, isso é um prazer.

Desde que soube que o Quarteto em Cy ia se apresentar em Porto Alegre, eu botei na cabeça que meu pai tinha que ir. O problema era convencê-lo disso. Ele adora falar que vai fazer e acontecer, mas, na hora H, acaba ficando em casa.

(Parênteses: foi com meu pai que aprendi a gostar de música. Não que ele seja grande entendido no assunto (hoje em dia, a gente até "briga" por diferenças gritantes de gosto). Mas foi com ele que eu ouvi pela primeira vez Lupicínio Rodrigues e Beatles, e acho que é por causa dele que eu tenho esse gosto musical tão anacrônico para alguém que nasceu em 1977.)

Eu estava certa: ele amou o show. Não só ele, claro. Apesar de ser evidente que as "meninas" já não cantam como outrora - ainda mais depois de ter sido alertada disto por quem entende do assunto -, foi uma experiência única.

O repertório era Vinicus e Caymmi. Poderia ser melhor? Curti cada música e fiquei pensando quando e se um dia eu ouviria aquelas músicas cantadas ao vivo por pessoas que conviveram com esses gênios. Nada a ver com mediunidade (depois daquela da Dercy, sei lá...), mas me senti mais perto de Vinicus assistindo a este show. E do Caymmi também, que do alto de seus noventa e poucos anos, dificilmente fará um show novamente. E me pus a pensar: quão perto é possível chegar de alguém que já se foi? Acho que descobri uma maneira.

Mas o melhor de tudo foi ver meu pai aplaudindo cada música, fazendo comentários de "sensacional"... Eita... Vai ver ele sentia isso quando me levava pra ver qualquer coisa quando eu era criança. Circo, cinema, sei lá. As coisas vão se invertendo com o tempo.

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