14 de jul. de 2008

memórias (parte I): piadas

Estava agora lendo o blog do Bruno Medina, o cara do Los Hermanos que escreve tri bem. Ele fez um post sobre piadas, contando o quanto odeia as pretensas historietas engraçadas. Qualquer pessoa sem talento pra piadista se identificaria com o que ele escreveu. Eu nunca proclamei odiar piadas, mas pensando bem, acho que odeio sim. E tenho até motivos bem fortes para isso.

Tem umas coisas da infância da gente que, definitivamente, podiam desaparecer da nossa memória. Mas são justamente essas que ficam. E não é que minha seletiva memória me obriga a guardar duas situações relacionadas a piadas? Uma delas foi altamente constragedora. Bom, as duas foram.

Eu devia ter uns 6 ou 7 anos e me caiu nas mãos um livro de piadas. Meus padrinhos estavam passando uns dias lá em casa, e o meu padrinho tinha fama de bom piadista. Acho que o livro era dele. E eu, considerada uma criança extrovertida, esperta e engraçada, fui encorajada pelos (malditos!) adultos a escolher uma piada qualquer no tal livro e ler em voz alta para toda a família.

Jamais confie no uni-duni-tê. Eu caí numa piada que, além de longa (devia ter umas 5 páginas), era praticamente pornográfica. Falava de uma velhinha que, depois de décadas fazendo amor com o marido, descobriu que se colocasse um travesseiro embaixo da bunda, ficava mais gostoso. Nada demais, se eu não tivesse 7 anos. Sem entender lhufas, eu comecei a ler a piada bem alto. Os adultos quiseram enfiar a cabeça num buraco. O horror foi tal que eles me mandaram parar no meio. Não sei exatamente o que aconteceu depois, mas acho que eles aprenderam a nunca mais pedir para criança ler piada de sacanagem.

Na segunda situação, eu tinha mais ou menos a mesma idade e fui fazer uma daquelas charadas que vinham no papel do chiclé (será que ainda existe chiclé? Com charada, duvido). A pergunta completa eu não lembro, mas era daquelas "qual a semelhança entre isso e aquilo"? O problema era que, até então, eu só conhecia charadas de diferença, não de semelhança. E, como meu vocabulário na época não era lá muito vasto, eu simplesmente resolvi que semelhança e diferença eram sinônimos. Aí, é claro, ninguém matou a charada e quando eu li a resposta, queriam minha cabeça!

Acho que peguei trauma de piada depois dessas. Nunca me dei bem contando, já desisti faz tempo. E vamos combinar que, invariavelmente, quem conta piada é chato. Já viu alguém legal e naturalmente divertido adorar contar piada? Não existe. Abaixo os piadistas. E não incentive seu filho a ser um: ele pode se traumatizar para o resto da vida.

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