6 de jul. de 2008

a lei da divergência

Vamos falar do assunto da hora. A tal lei seca que começou a vigorar há uns 15 dias no Brasil está fomentando acaloradas discussões. E eu, ouvindo e lendo sobre, confesso que ainda não formei uma opinião definitiva a respeito.

Não é segredo que eu adoro uma bebidinha. Então, em tese, eu seria contra a tal lei, certo? Em parte. Não dá pra negar que a intenção é louvável. Sempre me indignei com os bebuns que saem dirigindo por aí, ameaçando a si e aos outros. Especialmente com os playboyzinhos, que se acham imortais dirigindo seus carrões. E também com os "véio grosso" com seus chevetes e belinas caindo aos pedaços e poluindo o ar. Se a lei servir pra botar um corretivo nessa gente, então tá.

Mas o que assusta é o risco de ser parada por uma blitz ao voltar de um restaurante onde eu dividi uma garrafa de vinho com meu marido. Na minha opinião (e com a minha experiência), 375 ml de vinho é uma quantia inofensiva. Era preciso haver uma estatística (talvez haja, não sei) que mostrasse a quantidade média de álcool ingerida por pessoas que se envolveram em acidentes graves. O questionável da lei é isso: colocar no mesmo nível quem bebe além da conta de quem bebe socialmente. E olha que eu, vez ou outra, me encaixo no primeiro grupo.

Só não estou mais preocupada porque já tinha me adaptado à lei antes mesmo de ela existir. E por um motivo bem mais nobre do que medo de soprar o bafômetro: a gente gosta de viver. Não é raro Fredo e eu irmos de táxi a festas mais animadas. Também nunca pegamos a estrada depois de beber (tipo Guaíba-Porto Alegre, Tramandaí-Atlântida, enfim, esses trechos que o pessoal faz como se estivesse indo à esquina). Sabemos que é melhor não confiar em bêbado, mesmo sendo nós mesmos.

Acho que o assunto ainda vai dar muito pano pra manga. Especialistas dizem que a lei tem furos, que é inconstitucional, blábláblá. Tem aquilo de ninguém ser obrigado a produzir provas contra si mesmo - ou seja, você pode se negar a soprar o bafômetro. Também tem o metabolismo de cada pessoa, que varia conforme peso, altura, sexo. E o mais preocupante: nesses últimos dias, parece que a polícia está mais interessada em pegar bebum do que bandido.

E aí ficam as perguntas: a polícia e o judiciário estão prontos para atender a demanda? Deve um delegado deixar de resolver roubos, seqüestros e homicídios para se ocupar de um motorista que bebeu dois ou três chopes? A lei que existia antes já não impedia que gente podre de bêbada dirigisse? Então por que não era cumprida?

Ainda estou formando uma opinião a respeito.

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