29 de set. de 2010

sou uma espécie em extinção

Deu no Diário Gaúcho. E pensar que o Hospital Nossa Senhora do Livramento funcionava há 33 anos. Sim, porque eu nasci lá. É deprimente ser uma espécie em extinção. 

Guaibenses estão em extinção

Sem o centro obstétrico da cidade, fechado há mais de um ano, Guaíba e quatro municípios da região estão transferindo gestantes para Porto Alegre

Aline Custódio  |  aline.custodio@diariogaucho.com.br
 
Na falta de uma instituição especializada, cerca de mil bebês deixaram de nascer em Guaíba, via Sistema Único de Saúde (Sus), nos últimos 13 meses. Interditado pela Justiça de Guaíba desde agosto de 2009, o único hospital que oferecia o serviço a uma população de 152 mil pessoas de cinco municípios, está prestes a ser fechado.

Quem confirma a informação é o próprio diretor do Hospital Nossa Senhora do Livramento, Arno Berger, nomeado pela Justiça no ano passado.

– O Livramento deverá manter as portas abertas somente até o Pronto-Atendimento (PA) 24 Horas de Guaíba se tornar o novo hospital da cidade – garante.

Desde a interdição, motivada por dívidas que ultrapassam R$ 16 milhões, a instituição de 66 anos deixou de atender casos obstétricos e cirúrgicos. Hoje, mantém apenas as internações clínicas – pediátrica e adulta – e uma equipe de saúde mental. Por dia, a média de pacientes internados não passa de 40.

Arno ainda reforça que, com uma receita mensal em torno de R$ 187 mil, não há como deixar em dia os salários dos funcionários.

– Nossa meta é pagar o que se gasta, mas os salários sempre ficam com um atraso entre 30 e 60 dias – afirma.

Maternidade só em 2011


Considerado como prioridade para a Secretaria Municipal de Saúde, o novo centro obstétrico funcionará na mesma área onde hoje já funciona o PA 24 horas da cidade.

A secretária municipal de Saúde, Liliana Altmayer, confirma que duas alas do PA serão reformadas para ganhar a maternidade, o bloco cirúrgico, a cozinha, a lavanderia e o centro obstétrico.

A prefeitura já tem R$ 1,5 milhão, procedente de repasses do Estado e do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede), reservados para iniciar a obra. O projeto arquitetônico está na avaliação final. As próximas fases são o levantamento do orçamento e a abertura da licitação (escolha da empresa que fará a obra).

Liliana acredita que o novo hospital estará concluído até o final do primeiro semestre de 2011.

– Nossa prioridade é a construção do centro obstétrico e da maternidade. Enquanto isso não ocorre, a prefeitura disponibiliza ambulância para as gestantes que estiverem em trabalho de parto – ressalta a secretária.

"Quero ter minha filha dentro do hospital"


Enquanto o novo hospital não sai do papel, as mais de 70 crianças que deveriam nascer por mês em Guaíba acabam vindo ao mundo em Porto Alegre. Será o caso da segunda filha da dona de casa Juliana Duarte Alves, 27 anos, moradora do Bairro Santa Rita.

Grávida de 35 semanas, Juliana faz o pré-natal no posto de saúde do Bairro Cohab, e pretendia ter o bebê na cidade em que mora e onde deu à luz a primeira filha, de três anos. Porém, sem alternativas, ela já pensa em outras maternidades.

Para se ter uma ideia da importância de uma maternidade na região, só no posto de saúde do Bairro Cohab, cerca de 18 novas gestantes chegam mensalmente ao local.

A falta de atendimento especializado causou problemas para Juliana, na semana passada. Com dores, ela precisou chamar o pai, que estava em Porto Alegre, para levá-la a um hospital na Capital.

– Me sinto insegura e nervosa. Gostaria que a médica, que me acompanhou durante todo o pré-natal, fizesse o meu parto. Até pedi para ela ir junto, mas será impossível – lamenta.

Juliana, inclusive, tem economizado para pagar o transporte até Porto Alegre no dia do nascimento da filha.

– Só rezo para que as dores cheguem durante o dia e fora do horário de fechamento da ponte (içamento da ponte sobre o Guaíba). Quero ter a minha filha dentro do hospital – desabafa a dona de casa.

Instituição era referência

Pelo menos outros quatro municípios tinham como referência o Hospital Nossa Senhora do Livramento, em Guaíba, na área obstétrica. Agora, as gestantes de Barra do Ribeiro, Mariana Pimentel, Sertão Santana e Eldorado do Sul realizam o pré-natal na própria cidade, mas só têm a Capital como alternativa para o parto via Sus. Em Sertão Santana e Barra do Ribeiro, as prefeituras disponibilizam transporte para os casos mais graves.

Números
Hospital Nossa Senhora do Livramento
Receita mensal
- R$ 87,5 mil – ambulatório e internação pelo Sus
- R$ 60 mil – convênio com a prefeitura
- R$ 40 mil – parcela mensal repassada pelo Estado (Fundo Estadual de Saúde), que será finalizada em janeiro de 2011

27 de set. de 2010

a parada das vacas


Boa oportunidade de fazer as pazes com Porto Alegre depois do post indignado sobre nosso belo rio escondido: a partir do dia 8 de outubro vai ter Cow Parade na cidade. A-do-ro.

Vi as vaquinhas pintadas em Buenos Aires na primeira vez em que lá estive, em 2006. Foi o máximo. Tirei várias fotos, como essa aí de cima. Que sacada teve quem inventou esse negócio. Porque é definitivamente a coisa mais inusitada que pode acontecer com um cidadão comum: andar pela rua e topar com uma vaca colorida, enfeitada, diferente, linda ou nem tanto, depende do gosto e do olhar de cada um.

Tem gente que não entende, fica se perguntando "qual é a moral", "pra que serve". Ora. Acho engraçado. E por acaso é para servir para alguma coisa? O melhor é não tentar entender. A Cow Parade, na minha maneira de ver, é uma ode à (in)utilidade da arte: as vaquinhas estão lá para provocar os sentidos, aguçar a curiosidade, fazer brilhar os olhos das crianças, fazer rir os velhinhos, obrigar os transeuntes apressados a parar e olhar, colocar tempero e cor em nossa rotina tão absurdamente mergulhada na mesmice. As vacas são esculturas, são obras de arte misturadas à sujeira urbana, à feiura ou à beleza da cidade, visíveis a toda e qualquer pessoa, não precisa entrar em museu, comprar ingresso, muito menos entender de arte para apreciar. Gosto da arte acessível. Algumas vacas da Cow Parade até podem trazer certo rebuscamento nas propostas dos artistas, podem conter mensagens subliminares, ter um cunho de protesto ou alertas para a desigualdade social ou whatever. O que importa é que, independente da leitura de cada um, elas atingem o propósito de instigar, de entreter e de deixar a vida da gente mais leve.

Porto Alegre será bem mais interessante nos próximos três meses.

Mais infos em http://www.cowparade.com.br/poa/.

15 de set. de 2010

maldita seja

Maldita seja a cidade que esconde de seu povo o que tem de mais bonito. Às vezes eu não entendo porque não consigo ser apaixonada por Porto Alegre. Gosto, mas não amo. Falta alguma coisa. Não é culpa da cidade. Não sei bem de quem é  a culpa. E acho que, a essas alturas, nem interessa mais. O que interessa é que ele está ali. Sempre esteve. Mas, por algum motivo, não o vemos, pelo menos não da maneira como seria possível, como seria a ideal. Porto Alegre poderia ter uma orla. Ciclovias, calçadões. Nós poderíamos conviver diariamente com o Rio Guaíba. Assim, de pertinho, intimamente, chegar perto dele. Entrar nele talvez seja pedir demais (será?), mas não se trata disso.
Hoje, lá pelas 17h30, vindo de carro pela freeway, já próxima da ponte do Guaíba, eu vi o rio. Ele tinha uma cor prata indescritível, a paisagem era magnífica, mas eu só pude admirá-lo por uns poucos segundos, arriscando provocar um acidente, pois estava dirigindo. Nesse momento me bateu uma indignação. Fiquei pensando que cada vez que vejo o rio é como se fosse a primeira vez, a beleza dele me estarrece e ao mesmo tempo me causa estranheza, esse rio pertence à minha cidade, mas não pertence às pessoas, não me pertence.
Espero sinceramente que o governador do estado e o prefeito de Porto Alegre que forem eleitos esse ano FAÇAM finalmente alguma coisa e DEVOLVAM aos porto-alegrenses o Rio Guaíba. Usem a Copa do Mundo de Futebol como desculpa, ou como motivação, não importa. Mas façam acontecer e me deem motivos para amar Porto Alegre, para ter orgulho de Porto Alegre, para eu poder dizer a um amigo de fora "Vê que linda a cidade que escolhi pra morar?", para eu poder dizer BENDITA SEJA Porto Alegre, a cidade onde eu vivo, pois ela tem um rio que é de todos, um rio que é meu.

12 de set. de 2010

insignificante, tudo

e eu me preocupando com a fatura do cartão de crédito no dia quinze e com aquela roupa que vi na vitrine mas que é muito cara e nem tenho onde usar e que filme vou tirar na locadora nesse final de semana chuvoso e será que vai fazer sol essa semana porque afinal a primavera vem vindo e daqui a menos de um mês vou ao Rio de Janeiro mas se o tempo não for bom não vou poder fazer as coisas que planejei então eu rezo para que faça calor e sol e essas coisas que deixam o Rio mais bonito do que já é porque o Rio é bonito até em dia de terremoto só que não tem terremoto no Rio nem no Brasil pelo menos é o que dizem mas na verdade parece que teve uns tremores outro dia não sei onde mas eu não senti nada aqui em Porto Alegre essa cidade que agora está tomada por cavaletes com propaganda de políticos que querem se eleger e principalmente se reeleger porque eles não sabem fazer outra coisa na vida é o que eu acho detesto eleição pra deputado porque são sempre as mesmas caras mas afinal o que importa nada importa é tudo uma grande bobagem como eu aqui agora fazendo backup dos arquivos do computador porque se der pau no computador eu vou ter uma cópia dos meus arquivos eu fico achando que não posso viver sem eles que se eu perder meus arquivos vai ser a mesma coisa que perder um braço ou uma perna mas eu sei que se eu perder meus arquivos eu vou continuar vivendo e tudo vai ser igual como sempre foi porque ninguém morre só porque perdeu alguma coisa material mesmo que seja virtual como são os arquivos de computador mas afinal só vemos que nada dessa merda toda importa quando perdemos alguém importante na nossa vida principalmente quando é a mais importante de todas e de repente essa pessoa não está mais aqui para nos confortar nem sorrir nem perguntar como foi nosso dia não deve existir nada nada nada mais dolorido que isso e é por isso que hoje eu acho que nada mais importa e que tudo é tão pequeno mas tão pequeno que eu fico me sentindo um grãozinho de areia insignificante

para Paulinha