30 de nov. de 2008

um boteco porto-alegrense, por favor?


Apreciadora de botecos como sou, peno por morar numa cidade como Porto Alegre. Além de dispor de pouquíssimas opções, ainda tenho que agüentar os pretensos "botecos cariocas" pipocando pela cidade. Tudo bem que é uma benção poder tomar um bom chopp Brahma sem quebrar a cabeça para lembrar onde ir para matar a vontade. Mas é dose ir num bar que se diz "carioca" com leão-de-chácara na porta anotando o nome dos clientes em uma comanda (isso às 5 horas da tarde!!) e garçom querendo empurrar um novo chopp quando ainda tem 1/3 de líquido no meu copo. Esse pessoal acha que é só botar umas frases espertinhas ou letras de clássicos do samba na parede (o Nito fez isso há muito tempo), um DVD de pagodão a tocar, escondidinho de camarão no cardápio e um bando de garçons mal treinados enfiando chopp goela abaixo para se autoproclamar "boteco carioca".

Menos, bem menos. Por que não tentam encontrar a essência do que poderia ser um típico boteco porto-alegrense, ao invés de ficar tentando imitar o estilo dos outros? Não vão chegar perto nunca. Era preciso estar a bem menos quilômetros do litoral, era preciso muito mais simpatia, muito mais chiado e empadas de camarão com catupiry, sem falar na carta de cachaças, que ninguém ainda pensou em oferecer. Me parece tudo tão falso, tão forçado, tão mal copiado, que dá um desânimo.

Mas enfim, nem tudo é tragédia. O Natalício, que fica na divisa entre o Centro e a Cidade Baixa, até consegue impor uma certa autenticidade. Ali toma-se um ótimo chopp a bom preço e come-se petiscos dignos dos bons bares cariocas. Ontem me arrisquei num pedido inusitado: uma coxinha de galinha, sem igual em Porto Alegre, segundo eles. E estão certos. Enorme, sequinha, a massa tipo "risólis do Limuta" (é preciso ser guaibense e ter mais de 30 anos pra entender), bom mesmo. O escondidinho é outra excelente pedida, e o sanduíche de filé com gorgonzola também. O segredo é mostrar desde o início quem manda: diga ao garçom que ele só deve servir um novo chopp quando você pedir. Aí é só curtir.

O que decepcionou mesmo foi o tal Dona Neusa, que ocupa a casa onde por tantos anos funcionou o Cult (que se mudou para o Moinhos). No pouco tempo que ficamos lá, quiseram nos enfiar um chopp com 2/3 de colarinho (sem colarinho não dá, mas só espuma também não, né?), acharam ruim quando pedimos para trocar e já vieram nos empurrando chopp quando não tínhamos terminado os nossos. Lá dentro estava rolando um samba ao vivo, mas para entrar era preciso passar por um detector de metais. Isso às 5 da tarde. Pode? Nem no Rio, a terra do tráfico de drogas e de armas, das favelas e das balas perdidas, existe isso. Deprimente. Possivelmente daremos uma nova chance ao Dona Neusa, talvez à noite, quando parece mais propício a uma badalação. Mas a primeira impressão foi péssima.
Em suma, tudo o que eu queria era ir num bom boteco porto-alegrense em Porto Alegre, num bom boteco paulista em São Paulo, num bom boteco carioca no Rio, e assim por diante. Parem de ficar copiando (mal) e criem, façam algo autêntico. Mas com chopp Brahma, se não for pedir muito.

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